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Vereador condenou ataque ocorrido na última semana em Porto Alegre e alertou para o aumento da intolerância religiosa, que é crime, no Estado (foto Marcelo Ribeiro) |
Durante a sessão do Poder Legislativo de São Gabriel desta terça-feira, 17 de junho, o vereador Moisés Marques (PDT) manifestou repúdio à intolerância religiosa no Estado, simbolizada pelo ataque à imagem do orixá Bará, ocorrido após uma procissão religiosa no entorno do Mercado Público da capital na última sexta-feira, 13 de junho. O parlamentar denunciou o aumento dos casos de intolerância contra religiões de matriz africana no Rio Grande do Sul e cobrou mais eficácia das políticas públicas de enfrentamento ao preconceito religioso.
Moisés destacou que, entre 2021 e 2023, houve um crescimento de 250% nas denúncias de intolerância religiosa no Estado, especialmente contra praticantes de religiões afro-brasileiras. “De 2024 até agora, ainda nem concluímos o ano e já se fala em aumento de 270%”, afirmou. Segundo ele, o Rio Grande do Sul é o estado com maior número proporcional de adeptos dessas religiões, o que reforça a urgência de ações concretas por parte das autoridades.
Durante seu pronunciamento, o vereador enfatizou que sua fala não tinha como objetivo defender dogmas religiosos, mas sim o direito à liberdade de crença, culto e expressão, princípios garantidos constitucionalmente. “Quando alguém agride outra pessoa ou destrói imagens em nome da fé, deixa de ser um religioso e passa a ser um criminoso”, declarou.
Ele também citou episódios anteriores em que casos de intolerância foram minimizados ou ignorados, e criticou o tratamento desigual dado a ataques a imagens religiosas, como o caso do Bará, em comparação ao que ocorre quando a imagem de Nossa Senhora Aparecida é alvo de vandalismo. “Quando atacaram a santa, houve comoção nacional. Agora chutam uma imagem do Bará e é como se nada tivesse acontecido”, pontuou.
Moisés mencionou ainda que, em São Gabriel, há legislação municipal em vigor que reconhece como patrimônio cultural imaterial as tradições, dogmas e cultos das religiões de matriz africana, sancionada pelo prefeito Lucas Menezes. A norma, segundo ele, representa um passo importante para o reconhecimento e valorização dessas expressões religiosas, embora ainda seja insuficiente diante do cenário atual.
O vereador finalizou sua fala dirigindo solidariedade ao pai de santo Thiago do Bará, organizador da procissão em Porto Alegre, e conclamando a sociedade e os poderes públicos a agirem diante da escalada da violência religiosa. “É preciso que os olhos se abram para o que está acontecendo. A intolerância religiosa é um crime e deve ser tratada como tal”, concluiu.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 18/06/2025 16h00
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