Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel
Vice Presidente da Farsul
O mês de agosto irá se encerrar com a chegada de uma edição histórica da maior feira agropecuária da América Latina. A Expointer, que neste ano realiza sua 40ª edição, celebra quatro décadas como vitrine da agropecuária gaúcha e nacional. Das primeiras edições no Parque Menino Deus em Porto Alegre até o vistoso Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, a Expointer foi testemunha de ciclos de prosperidade alternados com momentos de incerteza e crise. Mas a duração e intensidade da crise política atual, que se arrasta desde 2015, seguramente está exigindo bem mais do agronegócio do que em outros períodos. Às portas de mais uma edição, é conveniente se perguntar: o que nos aguarda nesta Expointer?
Tradicionalmente, a Expointer é importante não somente pelo seu tamanho e por reunir a excelência do agronegócio brasileiro, mas por inaugurar a temporada de feiras rurais de primavera, que prosseguirão por todo o Interior. É também o momento em que são balizados os preços do mercado, tanto nos remates de animais quanto no comércio de insumos, tecnologia e máquinas agrícolas – mercados diretamente afetados pelos efeitos de um ano que já teve notícias ruins como o estardalhaço da desastrosa Operação Carne Fraca, a delação da JBS Friboi revelando os podres do financiamento para grandes corporações via BNDES, a mudança de posição do STF quanto ao Funrural e a própria super-safra. Sim, porque se para o país a maior safra agrícola da história foi uma notícia alvissareira, para o produtor foi um balão de ensaio. Os custos elevados de produção – muito acima do preço final do produto – e a incidência pesada dos juros ocasionou ao produtor uma rentabilidade 50% menor que a do ano passado. É um prejuízo muito alto, se estamos falando de um país que realmente pensa em segurança alimentar a longo prazo, o que não parece ser o caso do Brasil.
O lema da Expointer 2017, todavia, tem uma síntese poderosa: “O Campo Cria o Futuro”. Sabemos todos que a superação futura das crises econômicas e institucionais não está nas mãos dos políticos (gente que, nos últimos anos, se especializou em criar crises, não em resolvê-las). A solução, mais uma vez, vem do mesmo lugar que garante produção de excelência em áreas muito menores que as destinadas para as reservas indígenas no país. É do campo que, mais uma vez, brotarão as soluções das quais os políticos irão se gabar amanhã. Mas nós, produtores, sabemos a verdade. É com inteligência, operosidade, capacidade de gestão que conseguiremos olhar com bons olhos para o que o futuro nos reserva. Porque o futuro não será gerado nos gabinetes acarpetados de Brasília, mas no fundo das lavouras e pastagens de um país que funciona, onde seus empreendedores trabalham e se orgulham disso: é do campo que serão criadas a segurança alimentar, a estabilidade econômica, a paz social e o futuro que esperamos.