Carlito Bicca lança "Lentes e Pincéis" na Feira do Livro de Porto Alegre

Livro será lançado no próximo dia 14, na Feira do Livro de Porto Alegre (fotos divulgação)

Conhecido por suas obras de arte visual de altíssima qualidade reconhecida no Rio Grande e Brasil, o artista plástico Carlito Bicca estará lançando seu primeiro livro em um dos maiores eventos culturais do Estado. A obra "Lentes e Pincéis", será lançada no dia 14 de novembro, às 20h, na 60ª Feira do Livro de Porto Alegre, na Praça da Alfândega. O livro terá 200 páginas e fotos artísticas de viagens feitas por Bicca pelo Brasil e mundo.

Obra também trará pinturas de Carlito Bicca

Em contato da redação do Caderno7 com a assessoria do artista, foi dito mais a respeito do livro. "Em resumo as páginas do livro Lentes e pincéis mostram rostos, imagens, lugares e confidências que nos aproximam da natureza e sensibilidade do artista, que traz todas essas informações através da lente de sua câmera e pincéis que utiliza em suas obras de arte. Lentes e Pincéis mostra a riqueza e diversidade da capacidade criativa do artista, sempre contribuinte da arte e cultura em suas diversas formas. O livro mostra a temática de suas obras e a influência de suas viagens e origem. Para o leitor será uma experiência alucinante através de viagens e cores", destaca. É mais um artista gabrielense se destacando pelo Rio Grande.

O autor, reconhecido no Estado e País

O Artista
Natural do Pampa Gaúcho, o artista plástico Carlito Washington Costa Bicca nasceu em São Gabriel, no Rio Grande do Sul. No desempenho de sua atividade profissional, trabalhou com todo o tipo de ferramentas e máquinas, projetos de produtos, estamparia, modelagem, entre outros. Tais atividades lhe aguçaram o gosto pela pintura artística, escultura e modelagem. 

Seus primeiros trabalhos foram feitos em Aquarela e Nanquim, técnica que utilizou por muito tempo. Atualmente reside em São Gabriel onde dedica-se à pecuária e agricultura. Sua ocupação lhe permite mais tempo de dedicação ao que mais gosta: Pintura, Escultura e Fotografia.  Em 2003, passou a empregar Tinta Acrílica sobre tela, técnica que vem aperfeiçoando a cada dia.

Suas obras refletem a vivência no Pampa em um trabalho contemporâneo e de vanguarda. Com cores fortes e muito movimento, traduz em suas telas as impressões da infância mescladas com influências de pintores impressionistas e pós-impressionistas. Sendo um aficionado pelo conhecimento de novas culturas, tem realizado muitas viagens ao exterior aproveitando para registrar através da fotografia a diversidade cultural dos locais visitados.

- Iniciou o curso Técnico na Escola Agrícola de Alegrete/RS;

- Em 1968 ingressou no curso de Engenharia Mecânica na Universidade de Caxias do Sul;
- Em 1976 iniciou o curso de Arquitetura e Urbanismo, na Universidade Canoense (atual ULBRA). Nesse período, conviveu com artistas plásticos aprimorando seu gosto pelas artes;
- Em 2003 ingressou no curso de Artes Visuais na URCAMP- São Gabriel. Em São Gabriel realizou diversas exposições e amostras de seus trabalhos-URCAMP-Centro, URCAMP Campus II, Prefeitura Municipal de São Gabriel, Clube Comercial de São Gabriel, Museu da Igreja do Galo, entre outras;
- Em 2011 conquistou o prêmio NACIONAL de ARTES PLÁSTICAS do Banco SANTANDER, com a Obra: TANGO. Este trabalho atualmente faz parte do Acervo do Banco Santander- São Paulo;
- Em 2010 e 2011 participou do II e III Encontro Internacional de Artistas - AVAMBAÉ (Lo que pertenece al hombre) na cidade de Posadas na Argentina. Neste mesmo evento realizou ao vivo a obra TROPILHA, utilizando terra de TUCURÚ (cupim) como corante, tinta acrílica e verniz. GAITEIRO foi desenvolvido com tinta acrílica sobre tecido algodão.

Confira agora, texto de Irineu Garcia sobre o autor:

O cavaleiro sem fronteiras
Irineu Garcia

Um artista, no seu caminhar para abrir seus espaços, precisa estar atento às suas redes de relacionamento e ao seu cotidiano. Seus cinco sentidos devem estar aguçados para a diversidade dos territórios por onde passa e nos quais deixa suas marcas. Penso que Carlito Bicca é um desses artistas itinerantes do mundo que constrói uma linda história poética com muitos desejos vivenciados a partir de seus referenciais no horizonte pampeiro. As fotos e pinturas que cria para compartilhar suas viagens formam sua identidade que se transforma dia a dia em seu andar.
Esse amor pela natureza, esse desejo de conhecer novas fronteiras faz dele um homem cheio de criatividade. Seu olhar é a rota de seus caminhos, retilíneos ou cheios de curvas, que traçam uma compatibilidade com a matéria. Eles estabelecem os vestígios de seu processo de trabalho. Tendo como guia de viagem, não uma bússola, seu caminho é orientado pelo instinto das grandes descobertas, do afastamento e do distanciamento, da desterritorialização e da transterriteritorialidade.
Vivenciando este mundo globalizado de forma intensa e com sua experiência pessoal, ele sabe que ter identidade, não é mais estar ligado a um território, mas ter uma dinâmica de deslocamentos. Penso que suas descobertas se fazem no caminhar e na busca, orientado por suas próprias indagações. Mas, também, no reconhecimento diário das viagens e da elaboração dos mapas mentais que vai construindo nesse deslocar: sua identidade.
Suas fotos e pinturas se cruzam, elas são as marcas que fazem os mapas, seus modos de produzir as sinalizações em nossa consciência, elas contêm o maravilhoso que é transformarmos as coisas com nosso olhar e criatividade. As experiências compartilhadas, o deslocamento geográfico, são os vetores condutores de seu olhar. O mais específico deste caminho é como aprende a ver os espaços entre as formas, como vai penetrando na essência das coisas e ao mesmo tempo, tomando consciência de estar situado na periferia. Uma periferia que está em todos os lugares.
A nossa memória, como nossa história pessoal, é algo fundamental, ao mesmo tempo interno e externo, pois é nossa, mas é compartilhada com nosso grupo. Localizar um elemento de identificação muito simples, que às vezes é tão comum, como uma pedra ou um toco, em um espaço aberto, delimita a si próprio e ao mundo por onde se move. A busca do primitivo, que perpassa seu trabalho em um sentido mais antropológico, se estabelece a partir da reflexão do seu lugar e do não lugar onde todos vivemos. Seu olhar está condicionado pela vivência do observador e pela ligação entre o horizonte do corpo e o horizonte do mundo. Essa transitividade é a temporalidade que interessa.
É gostoso perceber em seu trabalho a consistência da matéria, o espaço aberto no qual ele vai imprimindo os sinais, os gestos e as marcas de seu percurso. São os estímulos que exercem sobre nós, espectadores. As marcas que, para ele, permanecem nas construções de identidade. Um espaço de vivência para cada observador, sua possibilidade de captar a partir do que Carlito Bicca oferece visualmente, o seu entorno pessoal. Acredito nessa cavalgada.